Para os autores de ficção, desde Jorge Luis Borges e seu conto clássico “O Jardim dos Caminhos que se Bifurcam” até episódios da série Jornada nas Estrelas (atualmente Star Trek) ou o filme Interestelar, o tema dos universos paralelos exerce um eterno fascínio. Afinal, quem resiste à ideia de que, num outro plano, pode existir outro eu vivendo uma vida diferente desta aqui?
Como não poderia deixar de ser, a área científica que aloja essa ideia é a física quântica – aquela que estuda as leis do mundo subatômico, as quais reduzem tudo a probabilidades e cujas esquisitices incomodaram ninguém menos do que Albert Einstein.
Os mundos paralelos emergiram na academia como solução a uma das charadas quânticas mais conhecidas: a do gato de Schrödinger.
De acordo com uma hipótese planejada pelo físico quântico Hugh Everett, (1957), vivemos em um universo, ou mais precisamente um multiverso, onde cronogramas estão constantemente se ramificando e criando mundos distintos e coerentes, cada um experimentado por uma versão diferente de você.
As ideias da “Interpretação de Muitos Mundos – IMM”, originaram-se na tese de PH.D de Everett, mas a frase “muitos mundos” é devida a Bryce DeWitt, (1970) que posteriormente desenvolveu algumas das ideais presentes no trabalho original de Everett. A formulação de DeWitt tornou-se tão popular que muitos a confundem com o trabalho original de Everett.
A IMM diz que vivemos em uma rede infinita de linhas de tempo alternativa.
Os físicos quânticos têm usado a IMM para conciliar uma lacuna desconfortável da “Interpretação de Copenhague” que é a afirmação de que um fenômeno não observado pode existir em estados duplos.
Então, ao invés de dizer que o Gato de Schrodinger é vivo e morto, os defensores da IMM diriam que o gato simplesmente “se ramificou” em dois mundos diferentes: um em que ele está vivo e outro em que ele está morto.
É tido como certo pelos cosmólogos que o mundo que observamos é único, daí o “uni” do universo.
Argumentações a respeito de multiversos já foram consideradas uma heresia, mas está parecendo cada vez mais provável que sejam verdades. Na verdade, a sugestão quântica de que existe uma multiplicidade de universos foi posta por um número de cientistas e metafísicos bastante renomados, como David Deutsch, Scott Aaronson, Sean Carrol, dentre outros.
A afirmação principal da IMM é que toda a existência é composta por uma superposição quântica de um número incontavelmente grande – ou até mesmo infinito – de universos. Se esta interpretação da existência é verdade, então deve haver um número absolutamente surpreendente de mundos alternativos.
A IMM também perturba a nossa noção de individualidade. Todos nós experimentamos nossas vidas como uma viagem coerente e discreta através do que parece ser o espaço e o tempo. Na teoria dos multiuniversos não devemos pensar em nós mesmos como indivíduos, mas como multiplicidades.
A razão para essa ilusão é que várias experiências não podem ser observadas, por isso ficamos com a impressão de que nós somos apenas uma única pessoa. Agora, isso não quer dizer que nossas experiências de realidade não são de alguma forma reais ou verdadeiras. Elas são. Nós apenas temos que reconhecer – via a Interpretação de Muitos Mundos – que nossas vidas não são exatamente o que parecem ser.
O avanço nos instrumentos usados para pesquisar o reino quântico começou a possibilitar investigações cada vez mais acuradas dessa área.
Nos anos de 1990 uma descoberta mexeu com a interpretação de Copenhague: segundo a pesquisa, não é propriamente o observador que “decide” qual estado vai prevalecer entre os vários possíveis, mas as interações com o ambiente do sistema observado (denominada descoerência). A novidade complicou ainda mais a já difícil busca de uma evidência experimental para a teoria de muitos mundos de Everett.
Em 1995, um estudioso da teoria unificadora, o norte-americano Edward Witten, da Universidade de Princeton, propôs que todos os eventos observados poderiam ser explicados em um grande cenário com 11 dimensões – o chamado multiverso.
As elaborações de Witten ficaram conhecidas como “Teoria-M”. Como as dimensões do multiverso seriam diferentes dos mundos paralelos de Everett, parecia que o assunto chegara novamente a um beco sem saída.
Três anos depois, porém, o físico sueco americano Max Tegmark, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), deu uma nova contribuição ao estudo dos mundos paralelos ao voltar à experiência do gato de Schrödinger e colocar-se no lugar do animal para refletir sobre o que ele conseguiria ver na caixa.
A conclusão de Tegmark foi intrigante: segundo a interpretação de muitos mundos, em diversas versões ele morreria, mas sempre haveria universos nos quais viveria, e em alguns deles ele até seria imortal.
Cinco anos depois, Tegmark avançou mais um pouco nessa hipótese e elaborou uma classificação em quatro partes para os universos paralelos.
De acordo com ele, os de tipo I estão além da vista de nosso universo, mas possuem as mesmas propriedades cosmológicas. Os de tipo II, nascidos logo depois do Big Bang (a grande explosão cósmica que seria a origem de tudo), também estão além da vista do nosso universo, mas suas propriedades cosmológicas podem ser um tanto diferentes.
O tipo III abrange os universos associados à interpretação de muitos mundos. Os universos de tipo IV, por sua vez, podem ter leis da física bem diferentes das que conhecemos.
Hoje em dia, os físicos encaram de formas distintas a noção de universos paralelos.
Para alguns, a resposta a essa charada está em alguma variação da interpretação de Copenhague. Outros consideram que a chave está mesmo na interpretação de muitos mundos.
Mas o dilema talvez não dure muito tempo, graças a dois fatores: o progresso das experiências, que captam dados cada vez mais sensíveis sobre o reino subatômico; e as aplicações tecnológicas dessa área da física, como os chamados computadores quânticos (computadores muitíssimo mais potentes que os atuais, pois conseguiriam trabalhar em outros estados além de ligado ou desligado).
O físico Stephen Hawking há apenas duas semanas antes de sua morte terminou seu ultimo artigo cientifico, onde estabeleceu toda a base teórica para se descobrir a existência de universos paralelos.
Batizado de A Smooth Exit From Eternal Inflation , o documento foi feito em coautoria com o físico e professor da Universidade KU Leuvene Thomas Hertog e contém toda a matemática necessária para permitir que uma sonda espacial viaje aos lugares mais obscuros do universo para colher evidências da existência de um universo paralelo.
A teoria seria uma solução de paradoxo cósmico criado pelo próprio trabalho do cientista, e também indica um caminho para astrônomos em busca de indícios da existência dos universos paralelos.
O estudo foi enviado para publicação no periódico Journal of High-Energy Physics em 4 de março de 2018, dez dias antes de Hawking morrer.
Nos anos 1980, o cientista, junto com o físico americano James Hartle, elaborou uma nova ideia sobre o início do Universo.
Ela foi de encontro a uma limitação da teoria de Albert Einstein que sugeria que o Universo surgiu há 14 bilhões de anos, mas não indicava como ele teria começado.
A proposta de Hartle e Hawking usava uma base diferente, chamada mecânica quântica, para explicar como o Universo teria iniciado a partir do nada.
Conforme os cientistas desenvolveram a ideia, chegaram à hipótese de que o Big Bang não teria criado apenas um universo, mas incontáveis universos.
Alguns deles, segundo a teoria Hartle-Hawking, seriam bem parecidos com os nossos - talvez com planetas semelhantes à Terra e sociedades e indivíduos como os existentes em nosso Universo.
Os outros universos teriam diferenças pontuais - uma Terra em que os dinossauros não foram extintos, por exemplo. E haveria universos totalmente distintos dos nossos, sem um planeta Terra ou talvez sem estrelas ou galáxias e com leis da física diferentes. Pode soar como algo improvável, mas as equações elaboradas nessa teoria tornam esses cenários possíveis.
Avançar nesses terrenos provavelmente levará os físicos a decifrar o enigma dos mundos paralelos e da própria física quântica.
...Entretanto será que o ser humano é realmente diferente de tudo o mais, como sustenta a tradução ocidental predominante, ou sob um aspecto importante será a consciência do ser humano um “continuum” com outras coisas do Universo? E se for contínua, até que ponto se estende? A cães e gatos? A amebas? A pedras? Ou até a elétrons?...
E então, será que o leitor(a) tem opiniões sobre as questões acima?
Eu sou feito da mesma essência que as gotas de chuva
e as rosas do meu jardim.
Mas não sou chuva e muito menos uma flor.
Eu sou uma síntese que ganhou interioridade.
Certamente eu poderia ser qualquer coisa no universo
se não tivesse perdido, na complexidade das metamorfoses sofridas,
toda a irmandade que tenho com a pluralidade primitiva da matéria.
Ao longo da flecha do tempo,
dividido até a mais ínfima particularidade, eu encontraria a minha primitiva fórmula.
Mas de que me serviria ser apresentado ao meu eu elementar,
esse grão primitivo de poeira cósmica, infinitesimal e infinito,
esse ser pluralístico, energético e uno,
se nele eu não puder ver o meu próprio rosto?
No mais imenso de mim desaparecem todas as propriedades do meu ser.
No mais ínfimo de mim eu sou todos os seres.
Mas nos dois limites de mim sou além de mim e aquém do que sei de mim.
Cada grão de mim tem sua própria singularidade.
Cada grão de mim é múltiplo e retém as propriedades do todo.
Cada grão de mim é eventual e se torna fato a cada nova relação.
Eu sou um sistema, um totum e quantum.
João Anatalino
Fontes:
Goswami Amit – O Universo Autoconsciente – Editora Aleph
Goswami Amit - O Ativista Quântico – Editora Aleph
Chopra Deepack – Cura Quântica – Editora Best Seller
Danah Zohar – O Ser Quântico – Editora Best Seller
Publicações: Prof. Dr. José Luis Pires Camacho – USP-SP; Adilson de Oliveira – USP-SP e Daniel Kaltembach – Palestrista.
Por: SERRAIZ TERAPIAS | Marialice Oliveira | Terapeuta Holística
Commenti