Apesar de D'us ter-Se "ocultado", continua intimamente conectado à Sua Criação, pois sem Ele nada existe. Agindo como um canal de ligação entre D'us e Sua Criação, as sefirot permitem a D'us , Infinito e Ilimitado, interagir com Sua Criação, finita e limitada. É através destas que o Ser Absoluto se revela e se conecta com Sua Criação. A simples relação de seus nomes não vai transmitir adequadamente sua essência. Além disso, temos que ter em mente que as imagens e símbolos são usados apenas para nossa compreensão, pois não expressam o mistério da Criação e tem que ter cuidado ao abstrair os conceitos.
A configuração gráfica das sefirot, em textos cabalísticos, é uma composição vertical ao longo de três eixos paralelos. Textos cabalísticos usam vários nomes quando referem-se à mesma: uma árvore (etz), uma escada (sulam) ou a "imagem celestial de D´us" - (tzelem Elokim).
Neste caso a configuração lembra um corpo humano. Segue-se a ordem de emanação das sefirot:
Keter, a coroa
- representa a onipotência e onipresença de D'us ; a Vontade Divina Absoluta; a Soberania e Autoridade de D'us sobre todas as forças da Criação. É a primeira e mais elevada das sefirot e está além de qualquer compreensão. De tão inexprimível, às vezes nem é incluída entre as dez sefirot. É a mais próxima da Fonte Divina, é a base de toda a Criação. Keter transcende as leis que governam o universo, pois estas só passam a existir após a emanação das sefirot de Chochmá e Biná. A Cabalá refere-se a esta sefirá como o "mundo da Misericórdia".
Chochmá,
sabedoria - é o pensamento puro que D'us utiliza para o funcionamento do universo. É o poder da Luz Original, a força primordial usada para criar os céus e a terra. Chochmá é a inspiração inicial da qual o Cosmo evoluiu. É vista como "a planta" usada para a criação do universo físico e espiritual, pois contém - potencialmente - todas as leis que vão reger a Criação e os axiomas que determinam como estas leis funcionam. É a raiz dos elementos espirituais: fogo, água, terra e ar. Sua essência é também incompreensível para nós.
Biná, entendimento, a compreensão, a lógica. Com sua emanação, é criado o sistema lógico pelo qual os axiomas de Chochmá são delineados e definidos. É através da Biná que podemos começar a entender os axiomas tanto da Criação quanto do nosso próprio ser. Da'at, conhecimento; a "lógica aplicada" de modo diferente das duas anteriores. Não é apenas o acúmulo, mas também a soma de tudo o que é conhecido. É a capacidade de juntar as informações básicas e fazê-las funcionar logicamente.
Quando Keter se manifesta, D'aat se oculta, já que são manifestações interna e externa, respectivamente, da mesma força.
Chessed
graça, amor e bondade que nos beneficiam; a grandeza (Guedulá) do amor. Esta sefirá representa o dar incondicional, o altruísmo, o impulso incontrolável de expansão. É D'us dando-se às Suas criaturas de forma irrestrita, abrindo todas as portas da Sua Abundância. D'us usou este atributo como o instrumento supremo no processo da Criação.
Guevurá
- poder, justiça, o julgamento severo (Din); as forças para disciplinar a criação. Guevurá representa a contração, a restrição, a criação de barreiras. A "auto-limitação" Divina foi indispensável para a criação do Cosmo. A Cabalá se refere a esta como midat hadin, a medida ou atributo do julgamento, do rigor.
Esta sefirá direciona a energia espiritual para atingir uma meta específica. É a força que permite o controle para podermos vencer tanto nossos inimigos internos quanto os externos.
Tiferet
beleza, no sentido da harmonia. É a combinação da harmonia e da verdade, dando espaço para a compaixão. Esta sefirá está associada com o poder de conciliar as inclinações conflitantes de Chessed e Guevurá, para que haja compaixão. Na Cabalá é designada como midat harachamim, "o atributo da misericórdia". A alma do homem emana desta sefirá pela união desta qualidade com Malchut, o corpo.
Netzach
, vitória, eternidade, resistência. Esta sefirá representa a imposição Divina. É o domínio, a conquista ou a capacidade de vencer. Representa o motivo primeiro da Criação: a capacidade de vencer o mal.
Hod,
esplendor, empatia. Esta sefirá permite que o poder e energia repassados sejam apropriados e aceitáveis a quem os recebe. É responsável pela criação dentro de uma relação do espaço deixado para o outro. A qualidade espiritual de Hod salienta o atributo da humildade e reconhecimento. Hod representa também a submissão que permite a existência do mal.
Yesod,
fundação; alicerce representa a reciprocidade ideal numa relação. É o meio de comunicação, o veículo de transporte de uma condição para outra. Representa o lugar do prazer espiritual e físico; o vínculo mais poderoso que pode existir entre dois indivíduos, assim como entre o homem e D'us: a aliança entre D'us e Israel: o Brit Milá.
Malchut
reinado. É a Schechiná, o aspecto imanente de D'us neste mundo. É o mundo revelado onde o potencial latente é concretizado. É o poder que D'us nos deu de receber Dele. Como símbolo do receber, esta sefirá é caracterizada como aquela que não tem nada próprio. É um keli, um mero recipiente. Malchut é o último elemento de uma corrente que se inicia na Vontade Divina e encontra sua realização neste mundo. Aquele que recebe pode dar de volta, tornando-se além de receptor, um doador.
As sefirot são refletidas no homem e desta forma o homem compartilha o Divino. A pessoa que somos é determinada pelas sefirot no mundo da ação, pois são as bases de nossa personalidade individual. O "cabo condutor" ou o canal através do qual estas se manifestam, é a nossa alma.
Rabi Isaac Luria - Inst. Morashá
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