Equinócio de Setembro
- Mauricio Brasilli

- 22 de set.
- 2 min de leitura
O Sol - Geômetra do Céu e Guardião dos Ciclos Sagrados
Em um instante preciso do ano, o Sol atravessa o equador celeste e toca o coração da Terra. É setembro, e o equinócio se apresenta como um portal entre luz e sombra, entre céu e horizonte, revelando a harmonia geométrica que sustenta o cosmos.

Neste dia, o Sol desperta exatamente no leste e repousa exatamente no oeste, traçando um arco perfeito que segue o equador celeste. O horizonte torna-se um círculo sagrado, marcado pelos pontos cardeais que nos lembram: tudo no universo possui medida, proporção e ritmo. Como um geômetra divino, o Sol nos oferece uma bússola viva — 0° e 180° na circunferência da Terra, pontos que guiam não apenas a navegação, mas também a contemplação do equilíbrio interior.
O plano do equador terrestre, passando pelo centro do Sol, nos ensina sobre alinhamento e equilíbrio. Nenhuma inclinação, nenhuma preferência — apenas simetria absoluta. Cada raio de Sol, cada sombra projetada, ecoa a lógica silenciosa da Proporção Áurea, das espirais que se repetem na natureza, dos poliedros que guardam o segredo da ordem universal.

Observando o horizonte, percebemos que o ângulo entre o equador celeste e a linha da Terra revela uma equação viva: 90° menos nossa latitude. É a geometria sagrada do céu que se revela, convidando-nos a contemplar padrões invisíveis que estruturam o espaço e o tempo.
Mas o equinócio não é apenas um fenômeno geométrico: ele é celebrado em todo o mundo, em ambos os hemisférios, como um momento de equilíbrio e renovação. No hemisfério norte, tradições pagãs e druidas celebram Mabon, um festival de colheita, agradecendo ao Sol e à Terra pelos frutos que sustentam a vida. É um tempo de introspecção, gratidão e preparação para a temporada de repouso, em sintonia com os ciclos da natureza.
No hemisfério sul, ao mesmo tempo, culturas ancestrais celebram o despertar da primavera. Povos indígenas da América do Sul, por exemplo, realizam rituais de plantio e festas de fertilidade, reverenciando o Sol como fonte de vida e abundância.

Os egípcios antigos, celebravam muitos festivais ligados à renovação sazonal, alguns dos quais se tornaram épocas sagradas de significado cósmico. Um momento em que a ordem do cosmos é reestabelecida, refletindo o equilíbrio entre luz e sombra, vida e regeneração. Na tradição celta, o Sol equinocial era um mediador entre o mundo físico e o espiritual, um guia invisível que mostrava que a vida segue ciclos precisos, geométricos e sagrados.
O equinócio é, portanto, mais do que um instante astronômico: é uma celebração universal do equilíbrio. Ao observar o Sol nascer e se pôr com perfeição, sentimos que o mundo é tecido por linhas e círculos, ângulos e proporções, e que cada ser humano pode alinhar-se a essa ordem. Cada festival, cada mito, cada ritual é uma expressão da geometria sagrada que permeia a vida, conectando o visível e o invisível, o céu e a Terra, o tempo e a eternidade.
O Sol, geômetra silencioso e guardião dos ciclos, nos lembra: a harmonia existe, e ela é acessível. Basta olhar, respirar e perceber que cada ponto cardeal, cada raio de luz, cada tradição que celebra a passagem do equinócio é um convite a despertar para a geometria sagrada que habita dentro e fora de nós.




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