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Teoria Quântica II - O Intrigante Mundo dos Quanta

A evolução das ideias da física ao longo do tempo nos mostrou diferentes formas de se enxergar e interpretar a natureza. Quando os modelos de que dispomos não conseguem mais explicar os fatos observados ou novas descobertas são realizadas, assistimos à elaboração de novos paradigmas que modificam estruturalmente nossa forma de entender o mundo.

Nicolau Copérnico (1473-1543) deu início à mudança de paradigma que culminou com a aceitação do modelo heliocêntrico, representado no diagrama ao seu lado na pintura acima.


Uma famosa modificação de paradigma foi a transição do modelo geocêntrico, que durou mais de 2 mil anos, pelo modelo heliocêntrico, proposto pelo padre polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) em 1543.

O astrônomo Copérnico: conversa com Deus – Jan Matejko – 1872
O astrônomo Copérnico: conversa com Deus – Jan Matejko – 1872

No primeiro, acreditava-se que a Terra estaria imóvel no centro do universo, com o Sol, os planetas e as estrelas girando em torno dela. No segundo, o Sol é que fica no centro do nosso sistema planetário.

Nossa experiência cotidiana nos passa a sensação de que o Sol, a Lua, os planetas e as estrelas se movem no céu como se a Terra estivesse parada em um ponto privilegiado. Não sentimos diretamente qualquer efeito que nos indique que ela se move; ao contrário, temos a sensação de estarmos solidamente imóveis.

No entanto, graças a várias observações realizadas principalmente pelo dinamarquês Tycho Brahe (1546-1601) e pelo italiano Galileu Galilei (1564-1642), aliadas a uma extraordinária persistência do alemão Johannes Kepler (1571-1630) e à grande visão do inglês Isaac Newton (1642-1727), foi possível consolidar a ideia de que é de fato a Terra que se move ao redor de si mesma e do Sol, e não o contrário.

De forma semelhante, no final do século 19 e no começo do século 20, novas descobertas começaram a abalar a visão dominante da chamada física clássica para explicar a natureza, provocando mudanças radicais não só em sua estrutura conceitual.

A partir da compreensão dos novos fenômenos, houve a possibilidade de aplicá-los e muitas das facilidades tecnológicas que temos nos dias de hoje, como telefones celulares, computadores e muitos outros, são frutos dessa revolução na física. A mecânica quântica, que surgiu naquele momento, fez com que o mundo nunca mais fosse o mesmo.

O reino da física quântica é o mundo do átomo. Essa teoria explica como três das quatro forças fundamentais da natureza atuam sobre a matéria. A força eletromagnética se manifesta de diferentes formas – é ela que domina as interações entre átomos e moléculas. As forças nuclear forte e fraca atuam no interior do átomo e são responsáveis pela coesão do núcleo e pelo decaimento radioativo, respectivamente. A única força que a mecânica quântica ainda não descreve com a precisão necessária é a gravidade, responsável pela estrutura do universo em larga escala. Essa é descrita por outro importante pilar da física, a Teoria da Relatividade Geral.

Repensando a natureza

A física quântica desde seus primórdios teve um enorme impacto na forma de pensarmos a natureza. Em particular, conceitos como a quantização da energia, a dualidade onda-partícula e o princípio da indeterminação são alguns de seus aspectos mais fascinantes. Ao mesmo tempo, pode parecer em princípio que esses conceitos são esotéricos e até místicos, pois muitos deles vão de encontro à nossa visão de mundo.

A quantização da energia foi um dos primeiros conceitos a ser introduzido na física quântica. Este conceito nasceu para explicar a chamada radiação de corpo negro. Todo corpo, em uma determinada temperatura, emite radiação em uma faixa do espectro eletromagnético. No entanto, o comportamento previsto pela física clássica não era condizente com o observado pelos dados obtidos em experimentos com os chamados corpos negros, que absorvem toda a radiação eletromagnética que incide sobre eles.

Satélite Cobe (Explorador Cósmico de Fundo).
A ilustração representa o satélite Cobe (sigla em inglês para Explorador Cósmico de Fundo)
A ilustração representa o satélite Cobe (sigla em inglês para Explorador Cósmico de Fundo)

Os dados colhidos pelo Satélite Cobe nos anos 1990 permitiram confirmar a expressão formulada em 1900 por Max Planck, para explicar que a energia só poderia ser absorvida na forma de valores discretos.


Planck propôs que a energia era o produto da frequência da radiação multiplicada por uma determinada constante, que posteriormente foi batizada com seu nome, que é igual a 6,62 x 10 -34 J.s (J = joule – unidade de energia; s = segundo).

O modelo de Planck pôde ser utilizado para descrever os dados observacionais obtidos pelo projeto Cobe. Esse satélite mediu a distribuição espectral de radiação cósmica de fundo, que é uma das

evidências da ocorrência do Big-Bang, e a medição era compatível com grande precisão com a equação formulada por Planck, mostrando que o próprio universo é um corpo negro.

Planck introduziu o conceito segundo o qual a energia somente poderia ser absorvida na forma de valores discretos, em “pacotes” ou quantatermo em latim que acabou batizando o ramo da física que nascia ali. Por isso, o físico alemão Max Planck é considerado o pai da Física Quântica.

A idéia da quantização da energia também foi utilizada por Albert Einstein (1879-1955) para descrever a interação da luz com a matéria, a partir do conceito de fóton, que seria um “quantum de luz”. Com esse conceito, Einstein propôs, em 1905, que a luz também poderia se comportar como partículas em vez de ondas. Alguns anos depois, o francês Louis de Broglie (1892-1987) propôs que as partículas atômicas, como os elétrons, também poderiam se comportar como ondas. Mais tarde, foi observado que elétrons também poderiam se comportar como ondas.


A Ilusão da Separatividade

O cientista clássico olhava para o mundo e via sua visão única de separatividade.

Há uns dois séculos, o poeta romântico inglês William Blake escreveu: que Deus nos livre de uma visão única e do sono de Newton!

Com a expressão “sono de Newton”, o poeta, pintor e revolucionário William Blake parece ter querido se referir à visão extremamente estreita da perspectiva da física de Newton.

Blake achava divertida a ideia de átomos e partículas de luz, e julgava “satânica” a influência de Newton sobre a nossa espécie. Uma crítica comum à ciência é o fato de ela ser tão estreita. “Por causa de nossas bem comprovadas falibilidades, ela coloca fora de consideração, fora do alcance de qualquer raciocínio sério, uma ampla gama de imagens inspiradoras, noções travessas, misticismo convicto e maravilhas assombrosas. Sem a evidência física, a ciência não admite espíritos, almas, anjos, diabos, os darmas do Buda. Nem visitantes alienígenas”.

A física quântica é a resposta à prece de Blake. Os cientistas quânticos que aprenderam a lição do princípio da complementaridade sabem que não devem cair nessa de ignorar a (aparente) separatividade.

As medições quânticas introduzem nossa consciência na arena do denominado mundo objetivo. Não há paradoxo no experimento de opção retardada, se renunciamos à ideia de que há um mundo fixo e independente, mesmo quando não o estamos observando. Em ultima análise, tudo se resume no que você, o observador, quer ver.

Dois monges discutiam sobre o movimento de uma bandeira ao vento. Disse um deles:

- A bandeira está movendo.

- Não, o vento é que está se movendo, corrigiu o outro.

- A bandeira não está se movendo. O vento não está se movendo. A mente de vocês é que está se movendo.

A visão materialista da Física Clássica é embasada na ilusão dos sentidos e na separatividade de todas as coisas, fatos e fenômenos como se fossem independentes.

A matriz é que nos dá a ilusão de divisão e de polaridade, manipulando nossos sentidos para uma realidade ilusória. Tudo que observamos são nossas criações mentais. Tempo e espaço são conceitos ilusórios que criamos, formando uma prisão dentro dessa matriz.

A física quântica vem mostrar a interatividade de todas as coisas do cosmo, onde tudo e todos estão integrados num regime de simultaneidade e interdependência holística, quando as partes estão no todo e o todo está nas partes.

A não localidade de Bell-Aspect, em que dois estados quânticos entrelaçados “colapsam” simultaneamente no ato de medição de um dos componentes emaranhados, independentes da separação espacial entre os dois estado já mostra que eles estão interligados, não há separação.

A nova percepção quântica do mundo reconhece que o principio da separatividade estabelecido pelo paradigma cartesiano dividindo realidades inseparáveis já não tem mais sentido.

No mundo microcosmo os objetos físicos estão intimamente interligados, interconectados e a aparente separatividade entre eles, na realidade macroscópica, não passa de uma mera ilusão dos sentidos humanos.

Na física das possibilidades existe uma interinfluência mútua entre o observador e o objeto observado e entre quaisquer objetos do mundo subatômico, todos os componentes do universo são elementos de uma única realidade entrelaçada, interdependente, formando um todo dinâmico e indivisível.

O poema de Wallace Stevens exemplifica essa ilusão da separatividade:

Disseram: “É azul teu violão,

Não tocas as coisas como são”.

E o homem respondeu: “As coisas tais como são,

Se modificam sobre o violão”.


No momento em que o Homem perceber que ele não é um ser individualizado, mas que faz parte de um Todo, estando interconectado a tudo no universo ele estará se abrindo para a expansão de sua consciência e caminhando rumo à evolução.

Abrindo mão do ego e se unindo a tudo e a todos, o ser humano estará saindo dessa condição de separatividade, pois estará acessando a Consciência Unitiva, e se abrindo para novas percepções que vão além dos sentidos sensoriais.

Para isso é necessário a mudança de paradigmas limitantes e o desapego de crenças detonadoras que foi adquirindo ao longo de sua existência. Com isso ele estará conquistando a sua liberdade interior.

Os atos de livre arbítrio só existem se o homem se descondicionar, passando pelo processo de obtenção de uma autoconsciência ampliada de si mesmo.

Quando o homem estiver aberto aos novos paradigmas, passar a compreender que ele é parte integrante de um universo que funciona como um grande holograma onde o todo está em cada parte, ele estará despertando sua consciência e a sua interconexão com a consciência cósmica lhe dará condições de saltos quânticos em sua evolução.

Amit Goswami, físico indiano, nos convida através de seus livros, a nos tornar um Ativista Quântico, que consiste em, a partir dos princípios da física quântica, mudarmos como pessoas e a partir daí contribuir para a transformação da atual visão do mundo, puramente materialista, para uma percepção baseada no primado da consciência.


Continua no próximo artigo:


Por: SERRAIZ TERAPIAS | Marialice Oliveira | Terapeuta Holística

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